Especial

Eficiência dos Treinadores de Juvenis


Por Pitcho (Testundera Pestun)


Introdução

Muito se fala que treinadores melhores têm uma eficiência maior no treino de juvenis e profissionais. Isso ninguém discorda. Sabemos que quanto maior for o número de bolinhas que um dado treinador tiver em um atributo, mais os jogadores presentes na mesma área de treinamento irão beneficiar-se. Agora, quanto melhor é um treinador de 6 bolinhas do que um de 4 bolinhas? Quantas bolas a mais meu jogador irá ganhar estando com um técnico de 4 bolas do que um jogador que não tem técnico algum? Quanto custa cada bola que meu jogador ganha a mais ao final de uma temporada devido ao pagamento dos treinadores?
Sempre me questionei quanto a isso e decidi iniciar um estudo para quantificar essas diferenças e poder fazer a escolha certa na contratação e aplicação dos treinadores. Assim, o objetivo deste estudo é quantificar o quão melhor (ou pior) são os treinadores de acordo com o ganho em bolas dos jogadores juvenis ao final de suas primeiras 3 temporadas no clube.

Metotologia

Em um primeiro momento, foram testados somente os juvenis (de 15 a 18 anos), nas suas primeiras 3 temporadas no clube, antes de virarem profissionais. Somente estes foram utilizados pois os treinadores presentes na área de treinamento juvenil na minha equipe eram fixos, possibilitando total controle sobre as eficiências de treinamento dos mesmos. Os treinadores utilizados bem como os atributos testados foram os seguintes:

Velocidade - Treinador 8 bolas
Resistência - Treinador 6 bolas
Chute - Treinador 6 bolas
Desarme - Treinador 6 bolas


Para a coleta de dados, uma minuciosa observação dos gráficos de treinamento de cada juvenil teve que ser realizada. Como o foco do estudo é a eficiência dos treinadores, para não adicionar o viés de Campos de Treinamentos (CTs) Normais e Intensivos (CTIs), bem como CCJs, todos os dados que continham algum dia de treinamento em um destes citados, não foram levados em consideração no estudo. Ou seja, o jogador tinha que iniciar o treino com o treinador e terminá-lo (ganhar uma bolinha). Ou até mesmo treinar outros atributos no CT, que não o atualmente estudado e depois voltar a treinar o atributo que estava treinando anteriormente. Como nos exemplos abaixo:


Fig.1: Treino de resistência com treinador 6 considerado no estudo (19 dias).



Fig.2: Treinos de velocidade e resistência com treinador 8 e 6, respectivamente, considerados no estudo (ambos de 19 dias).


Fig 3: Treino não considerado no estudo pois sofreu o viés de ter treinado no CT.


Desta forma, foram analisados os dados dos gráficos de treinamento de 21 juvenis nas últimas 3 temporadas (duas ou uma temporada para os juvenis mais novos). Assim, foram computados 48 ganhos de bolinhas utilizando o método proposto, não levando em consideração todas aquelas que tinham CTs, CTIs e CCJs.
Algo que já foi detectado imediatamente foi a diferença de dados do Treino 1.0 para o 2.0 lançado nesta última temporada, e que não era possível misturar tais dados pois inviabilizariam o estudo. Assim, os dados do Treino 1.0 foram separados e somente os treinamentos 2.0 foram levados em consideração.
No treinamento 2.0 foi observado um ganho de 26 bolinhas na temporada levando em conta o método já descrito. Esta será a amostra do presente estudo, sendo que ela está subdividida da seguinte forma:



Resultados

Primeiramente acredito que seja interessante comparar a diferença de velocidade de treinamento do Treino 1.0 para o Treino 2.0. Portanto, abaixo é apresentada a tabela de comparação entre estes dois treinos mostrando o número médio de dias de treinamento para ganhar uma bola.



A tabela acima demonstra que enquanto no Treinamento 1.0 um juvenil com um treinador de 6 bolas demorava 18.3 dias em média para ganhar uma bola, no Treinamento 2.0 os juvenis levam 17.6 dias em média com um mesmo treinador de 6 bolas. Da mesma forma, foi verificado que na média total houve uma diminuição de 18,1 para 16,8 dias em média para um juvenil ganhar uma bola.
Bom, comprovado que os juvenis estão treinando mais rápido, foi testada a hipótese de que os jogadores demoram menos para ganhar as primeiras bolinhas e conforme vão evoluindo, demoram em média, mais tempo para ganhar as bolas subsequentes. Isto foi realmente comprovado com o gráfico e tabela apresentados abaixo.

GRÁFICO 1: Intervalo de ganhos subsequentes de bolas dos juvenis.


OBS: Os valores zero são campos que não foram obtidos dados na coleta.
Com ambos os treinadores, os juvenis demoraram mais, em média, para ganhar as bolinhas subsequentes, o que comprova a hipótese formulada. Houve uma pequena diminuição nos dias da 6a para a 7a bola mas acredito que com uma amostra maior, esta inconsistência será sanada. Aqui, já fica claro também, que um treinador 8 é melhor que um de 6, o que não é nenhuma novidade, mas neste momento podemos quantificar o QUANTO ele é melhor.
Para efeitos de comparação, foram analisados 10 jogadores aleatórios no mercado que não estavam utilizando treinador algum e anotados quantos dias os juvenis levavam para ganhar uma bola no Treinamento 2.0. A média de dias para ganhar uma bola SEM treinador foi de 22.8 dias. Sempre levando em conta o método de contagem anteriormente descrito.
Para efeitos do cálculo, foram contados os dias em que os jogadores treinam na semana com os treinadores (retiraram-se Quartas e Domingos). Assim, cada jogador treinaria por temporada 65 dias, perfazendo em 3 temporadas como juvenil 195 dias de treino com treinador. Outro dado que foi lembrado é que os novos juvenis não chegam logo no primeiro dia da temporada, o que ocorre somente no sábado. Assim, iniciam os treinamentos na Segunda-Feira e os dias treinados foram corrigidos para 191 dias de treino como juvenil nas 3 primeiras temporadas. Lembrando que para efeitos deste estudo não foram levados em conta os CTs pois não era o foco do mesmo.
Abaixo os resultados destas análises em conjunto com os treinadores de 6 e 8 bolas do estudo.


TABELA 3: Média do número de bolas adquiridas ao final de 3 temporadas como juvenil Sem treinador, com treinador 6 e treinador 8 (em bolas).


Ou seja, ao final de 3 temporadas treinando com treinadores com 8 bolas, espera-se que um juvenil ganhe, em média, 12 bolas; enquanto com treinador com 6 bolinhas 10.83 bolas e SEM treinador 8.38 bolas.
Para a próxima temporada, já modifiquei alguns treinadores para obter dados de eficiência no treinamento de treinadores com 7 e 9 bolinhas.
Enquanto isso, podemos inferir os resultados dos outros treinadores a partir dos dados obtidos até o momento. Assim, realizando-se médias simples entre os possíveis treinadores, foi desenvolvida a Tabela 4. Por não termos dados coletados destes outros treinadores, os valores abaixo podem diferir um pouco dos valores reais. Assim, a tabela a seguir serve somente a título de reflexão e comparação.

TABELA 4: Média do número de bolas adquiridas por um juvenil ao final de 3 temporadas considerando todos os treinadores(em bolas).


Com a tabela acima, podemos ter uma ideia de como os treinadores influenciam no treinamento de nossos juvenis em início de carreira. Ou seja, ao final das 3 primeiras temporadas no Treinamento 2.0, espera-se que, em média, um juvenil com um treinador de 10 bolas ganhe 5 bolas a mais (~4,8) do que um juvenil sem treinador algum.
Estes dados serão aprimorados ao final da próxima temporada, quando forem coletados mais dados sobre outros treinadores, nomeadamente, de 7 e 9 bolas. Bem como mais dados dos treinadores de 6 e 8 já testados neste estudo.
Para finalizar, foi realizado um teste sobre custos dos treinadores. Onde foram delimitados níveis otimistas e pessimistas de quanto um dirigente pode pagar para um determinado treinador e calculou-se qual era o custo de cada bola ganha a mais em 3 temporadas em comparação com um juvenil que treina SEM treinador. Não foram considerados treinadores abaixo de 3 bolas pois são muito baratos. A tabela com os valores é apresentada abaixo.

TABELA 5: Custo otimista e pessimista dos diversos treinadores.


Com os dados acima, foi traçado um gráfico para vermos a dispersão dos dados calculados. Abaixo o gráfico de custos e eficiência dos treinadores versus o seu custo ao clube.

GRÁFICO 2: Dispersão do custo dos treinadores pelo ganho proporcionado por bola a mais ao final de 3 temporadas.


Neste gráfico é interessante notar que, quanto mais para a esquerda (linhas verticais), melhor o custo/benefício do treinador. Mas isso não significa que é melhor termos um treinador de 4 bolas. Não é isso. Mas sim que o custo de um técnico de "5 bolas Baixo" pelas bolinhas que ele proporciona (em média 2 bolas a mais que sem treinador) é menor que o que proporciona um de 6 bolas. Entretanto, isso não desconsidera o fato de que, com um treinador que tem mais bolas, inevitavelmente os juvenis ganharão mais bolinhas, como visto anteriormente na Tabela 4.
Assim, cada dirigente pode optar por quanto está disposto a pagar por acréscimo de bolas ao final de 3 temporadas com os juvenis, levando também em consideração que cada treinador pode treinar 5 atletas ao mesmo tempo, ou seja, este custo pode ser diluído por 5, mas daí entramos na discussão da eficiência da utilização da área de treinamento, que não é o foco deste estudo.

Conclusões

Este estudo prova em números concretos o que muito se diz sobre os treinadores e treinamento dos jogadores no MZ. Baseado na amostra estudada foi possível comprovar que no Treino 2.0 os jogadores ganham bolas mais rapidamente do que no Treinamento 1.0. Além disso, demonstrou-se que as bolinhas subsequentes obtidas pelo mesmo jogador são mais demoradas para ganhar do que as anteriores e que jogadores treinando com treinadores com mais bolinhas tendem a ganhar bolas mais rapidamente. Entretanto, uma das maiores valias deste estudo é quantificar o quanto melhor é um treinador de 8 bolinhas do que um de 6 bolinhas. Agora os dirigentes sabem que um atleta com um treinador de 8 bolas, terá o ganho de 1 bola a mais (~1,2), em média, do que se esse estivesse com um treinador de 6 bolas ao final de 3 temporadas. E que ganhará 3,6 bolas a mais em relação a um jogador que treina sem técnico.
Finalmente, foi analisado o quanto custam as bolas a mais que um jogador ganha ao final de 3 temporadas considerando o pagamento dos treinadores.
Outro resultado obtido é que agora os dirigentes podem ter uma ideia de quantos dias um juvenil irá levar em média para ganhar uma bola dependendo do seu treinador (exceto em defesa a gol e inteligência que sabidamente levam mais dias).

Fraquezas e possibilidades de melhoria
Várias fraquezas e possibilidades de melhoria deste estudo já foram descritas no decorrer do texto e espera-se melhorá-lo ao final das próximas temporadas. Entre essas estão:
- Maior amostragem de jogadores juvenis;
- Treinamento com outros treinadores com outros atributos (Por exemplo: 9 de Resistência e/ou 7 de Desarme) para dar mais consistência às tabelas e gráficos apresentados;
- Realização de um estudo mais abrangente, incluindo não só juvenis, mas também jogadores profissionais divididos por idade;

Material elaborado e encaminhado à The Zone pelo dirigente pitcho, da equipe Testundera Pestun!
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