Na semana que passou tivemos um duelo válido pelos playoffs da Div 3 envolvendo as equipes do Arapiraca SC e Itumbiara EC.
São equipes que percorreram caminhos distantes até se encontrarem para esse grande jogo de playoff.
Quando o Itumbiara EC (equipe da Season 13) chegou ao CB pela primeira vez, na temporada 30, Jhonata provavelmente nem sabia ainda o que era o MZ, pois seu Arapiraca SC foi fundado na Season 36.
Enquanto Marco Túlio mantinha o Itumbiara nas divisões de elite, conquistando o Campeonato Brasileiro na Temporada 40, Jhonata dirigia o Arapiraca SC pelas divisões intermediárias.
Uma coisa os dirigentes têm em comum: ambos conhecem os caminhos para vencer Copas Oficiais.
Arapiraca SC tem duas Season 36 em seu currículo, vencidas nas temporadas 45 e 48.
Itumbiara EC Tb tem duas Season conquistadas, uma com Sub23 e outra com o time principal, nas temporadas 44 e 40, respectivamente.
Além delas Marco Túlio ainda tem na galeria de troféus, uma Div Top League na Temporada 36, uma Club Continetal South America e uma Nations League Division A.
Ou seja, na Temporada 36, quando o Arapiraca SC era fundado, Itumbiara vencia a Division Top League.
Seguindo trajetórias tão diferentes, encontram-se hoje em momentos semelhantes de planejamento.
Ambos subiram de divisão, disputarão a Div2 nesta temporada, ao mesmo tempo que se encontram para resolver quem segue em frente na Division 3 da temporada passada.
Arapiraca chega ao jogo com campanha perfeita na fase de grupos:
Venceu seu primeiro jogo de playoff com autoridade:
Itumbiara teve uma derrota na fase de grupos:
E obteve uma grande vitória em sua estreia nos Playoffs:
As diferenças estão nos elencos.
Jhonata tem um elenco experiente, sem exageros, enquanto Marco Túlio tem um elenco jovem e equilibrado, entre 24 e 26 anos.
Durante a fase de grupos ITUMBIARA EC utilizou boa variedade de táticas fechadas com ataque central em todos os jogos.
Arapiraca SC começou a disputa jogando em táticas fechadas com variações de ataque em PC e com o decorrer da competição migrou para um 433 JPL pelas pontas.
Para a abertura dos playoffs o ITUMBIARA EC trouxe uma surpresa para enfrentar o forte time do Imbituba-SC.
A surpresa deu resultados e permitiu o avanço da equipe para enfrentar o Arapiraca SC que, por seu lado, manteve a evolução mostrada na fase de grupos e repetiu a formação JPL contra o Bolicho.
Com esse retrospecto ficou a curiosidade de ver como o Marco Túlio armaria sua equipe para enfrentar o Jhonata, já que a estratégia deste parece definida pelo rendimento apresentado pelo Arapiraca jogando com um ponta bem aberto.
Manteria o JPL que surpreendeu o Imbituba?
Imbituba jogou com defesa fechada esperando um ataque central do Itumbiara.
O fator surpresa acabou e o Arapiraca gosta de jogar com defesa em arco, o que teoricamente deve atrapalhar bastante a tática utilizada no jogo anterior.
Vamos ao jogo.
As duas equipes 433 JPL com pontas opostos, esse é o desenho do jogo.
Os dois dirigentes colocaram seus pontas pela esquerda, dando um desenho ao jogo em que teremos muitas inversões de lado. Já que as bolas recuperadas terão que atravessar todo o campo para encontrar o ponta pra correr com a bola.
Uma diferença tática que podemos visualizar na imagem acima é que os volantes do Arapiraca estão posicionados mais distantes da linha defensiva que o habitual.
Isso forçará que o meia central esteja também mais adiantado que o normal.
Podemos observar também que a linha defensiva do Arapiraca está posicionada próxima da linha da área grande e a do Itumbiara postada na intermediária.
Nos primeiros movimentos do jogo duas situações começam a chamar a atenção.
Os volantes do Itumbiara parecem encontrar o ponta com seus passes com mais facilidade que os do adversário.
O ala defensivo camisa 4 do Itumbiara parece ter grande vantagem física sobre o ponta do Arapiraca. Se essa tendência se mantiver durante a partida, significa uma vantagem considerável, pois o ponta vai jogar o tempo todo apertado pela marcação.
Como aparentemente Itumbiara jogou com marcação normal, o ala evita o bote, mas acompanha com facilidade e ultrapassa o ponta na corrida entre ambos, em todas as jogadas, fazendo com que esse conclua a jogada antes do melhor momento.
Podemos ver algumas sequências que demonstram essa observação nas imagens abaixo:
Na esquerda o ponta acaba de receber a bola, praticamente na linha de meio campo.
Ele tem vantagem sobre o zagueiro e eles vão apostar corrida.
Na imagem do meio, poucos segundos depois (ver no tempo de jogo, no alto à direita), ele já foi ultrapassado pelo zagueiro e, como podemos ver na imagem à direita, teve que se desfazer rapidamente da bola.
Essa situação ocasiona pouco perigo para a defesa.
O que queremos do ponta é que ele corra até se colocar em uma linha paralela com o cabeceador, para efetuar o cruzamento, pois esta é a situação de perigo real e imediato, que faz dano ao adversário.
Como o ponta perdeu o duelo físico com seu marcador mais próximo, a eficiência da jogada JPL do Arapiraca ficou prejudicada no jogo.
Vejamos novamente a mesma situação em outro momento do jogo:
O ponta recebe a bola e vai correr com o ala defensivo atrás dele.
É obrigado a cruzar rapidamente porque já foi ultrapassado por ele.
O primeiro gol do jogo aconteceu em um lance imprevisível.
Chamo assim porque é um daqueles gols que não são fruto de tática, contra tática ou o que quer que seja.
Ele é um lance casual em que, por motivos que gostaria de saber, o SIM resolve nos dar um presente.
Acompanhem na sequência de imagens abaixo:
A falta está marcada e vai ser cobrada (à esquerda).
Os atacantes e seus marcadores estão posicionados.
Na figura do meio a falta foi cobrada e a bola está a caminho do camisa 9 do Itumbiara, que tem o zagueiro camisa 12 com ele.
O camisa 12 é um zagueiro experiente, Maurício Valadares, 30 anos e vai disputar a jogada com um atacante de 24 anos.
Ocorre que o atacante se chama Ciro Barros, aliás o Ciro “Brutus” Barros, o fenômeno, a lenda, detentor do recorde de gols marcados em uma competição oficial de seleções do MZ, com uma marca que jamais será batida.
Simplesmente o melhor atacante sub21 que já se viu, até os tempos do treinamento 2.0, que também ninguém é de ferro.
Vejam atributos de Ciro Barros (id: 171570984) gentilmente cedidos pelo Dirigente @mtboliveira:
Era um jogador especial, imarcável em passes curtos, sempre girando os zagueiros e partindo para o gol.
No Itumbiara ele aparece repaginado, reinventado como cabeceador.
Acrescentou mais essa ferramenta de causar dor aos adversários ao seu arsenal.
Ele vence o zagueiro e cabeceia, fazendo o primeiro gol (figura à direita).
Arapiraca tenta fazer valer a experiência de seu time e busca o equilíbrio no jogo, mas o ponta tem dificuldades de levar vantagem sobre seu marcador.
Itumbiara vai criando chances com seu ponta, mas os cruzamentos não são cabeceados.
Ciro domina antes de arrematar, sem sucesso.
Até que uma bola perdida pelos volantes na intermediária defensiva do Itumbiara, rapidamente lançada para o ponta, permite que ele receba com a vantagem suficiente para poder fazer a jogada mortal, a que termina em gol.
Consegue receber, correr até ficar paralelo ao cabeceador, cruza com perfeição e pimba... barbante e jogo empatado.
A qualidade do cruzamento e da cabeçada mostram que se o ponta tivesse encontrado um pouco de facilidades o resultado seria diferente do que foi.
Termina o primeiro tempo e Arapiraca faz uma substituição interessante trocando o cabeceador, entrando um finalizador novinho em folha para o jogo.
Boa decisão que poderia dar bons resultados.
Entretanto, pouco depois ocorre o lance que decidiu o jogo e jogou essa substituição no lixo.
Vejam na sequência abaixo:
O ponta do Itumbiara recebeu a bola e vai carregá-la até a linha da área, arrastando 3 zagueiros com ele e cruza.
A bola tem o destino de Ciro que domina e gira o veterano zagueiro como se este fosse um novato, entra na área e sofre o pênalti!
Pênalti que será convertido, zagueiro expulso e o matador que entrou fresquinho, novinho em folha no campo, vai jogar de volante.
É um conjunto de maldades do SIM difícil de superar e, neste jogo, definitivos.
O ponta do Arapiraca que já jogava com dificuldades, agora não tem para quem cruzar as bolas e tem que jogar curto com o atacante que sobrou.
O jogo segue até que o ponta do Itumbiara escapa e faz a jogada mortal.
Cruza quando estava na linha paralela e Ciro cumprimenta o goleiro, a rede e a torcida.
Fim de jogo.
Game over.
Assita o vídeo dos gols com as jogadas completas descritas acima.
Análise das Estatísticas
1) 2 gols, um do Itumbiara e outro do Arapicaraca, saíram de cruzamentos na cabeça do atacante de jogada perfeita do ponta.
2) O grande número de desarmes sofridos pelo Ala do Itumbiara, somados aos roubos de bola do marcador adversário, demonstram a grande qualidade da tática "JPL clássico" do time vencedor que abastecia ininterruptamente seu ponta.
3) O Ala do Arapiraca não precisou ser desarmado tantas vezes devido aos roubos de bola do seu marcador adversário.
4) A entrada aos 72' de Gomes, Ponta camisa 14 do Itumbiara, foi perfeita. Todos os cruzamentos a 100%, 3 deles na cabeça do atacante gerando o 3º gol.
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